sábado, 15 de maio de 2010

EU E O MUNDO

O mundo mora em mim

No entanto eu não pertenço à ele.

Sou toda surreal

Como a própria realidade

Casa de muitas cores

E de portas delicadas

Mas firmemente trancadas

Pela beleza de seu chão e janelas

Preservadas.

Não obstante,

Um doce vento num sussurro

Pode encantá-las

E se entranhar em suas frestas sem barreiras

Numa clara expansão que sabe

Sentir os contornos do mar

Devagar, devagar...



Andando nessa estrada por vezes

Me encontro

Fora de mim

Longe, longe

Voando em meus pensamentos

Num mergulho profundo

No que é imensidão...

Longe, tão longe

Onde o olhar não acalma

A estupefata alma

Diante do insoluvel mistério de si mesma.



Mas mesmo assim posso voltar

Se em teu olhar perceber minha asa

Ponto de partida ao encontro

De tão serenas falas

Num íntimo retorno à nossa casa

Onde o sorriso diz do caminho que se instaura

E o silêncio fala aquilo que se cala.

Poema meu que usei para fazer o convite de casamento

Há um caminho pra nós dois


onde o perdão soterra a dor

a compreensão instaura o diálogo

e a confiança abre o coração



há um caminho pra nós dois

onde a amizade enraiza o amor

o respeito supera as diferenças

e a razão está ao lado da paixão



um lugar onde cada um de nós

ajudará o outro a remover as pedras atiradas

e que ainda ressoam em nossos ouvidos

e com isso consigamos dar um passo à frente

e construir, construir

construir até mesmo com essas pedras

e permeá-las de luz.



Um lugar onde só será preciso um olhar

pra entender o que nos vai no íntimo do nosso ser

onde o silêncio seja a música

e o falar seja só uma redundância absolutamente desnecessária

só justificável por um poema



um caminho estreito e delicado

mas pleno da vida verdadeira

onde, lúcidos, viveremos a essência

do que realmente importa que vivamos

aquilo que, quando enfim partirmos,

nos encherá do contentamento e esperança dos que amaram

e viveram sobre as asas livres do Consolador

dos que, nesse mundo, só almejaram voar, voar

e voaram

por sobre essa estrada de luz em que andaram.

Convite do nosso casamento

Queremos estar diante de Deus no altar.

Nossos pais,

E nós dois, Carolina e Edilson,

Estaremos muito felizes em lhe receber no dia 30 de janeiro de 2010

Ao entardecer, uma hora antes da hora do ângelus

E queremos estar cercados das pessoas que estão dentro de nós.



Nós dois queremos o um, que sejamos um


Um só caminho a trilhar.


Queremos que nossa casa seja edificada na rocha


Que nossas horas transbordem do que realmente importa


Que o nosso olhar esteja fora do mundo


Que a nossa vida seja plena de tudo que o nosso Pai sonhou pra nós


Queremos que o que somos seja o que seremos


Que construamos um lar onde haja um lugar de encontro entre silêncio e som


Um lugar onde só será preciso um olhar


Pra entender o que nos vai no íntimo do nosso ser


Onde o silêncio seja a música e o falar seja só uma redundância absolutamente desnecessária


Só justificável por um poema






Um caminho estreito e delicado, mas pleno da vida verdadeira


Onde, lúcidos, viveremos a essência do que realmente importa que vivamos


Aquilo que, quando enfim partirmos, nos encherá do contentamento e esperança dos que amaram


E viveram sobre as asas livres do Consolador


Dos que, nesse mundo, só almejaram voar, voar


E voaram


Por sobre essa estrada de luz em que andaram.



O que é fazer música?

Derramar-se do que somos feitos

E permitir que o Inominável traduza-se em nós

Sem marcas do passado nem distinção de origem.

A forma flui

Não de acordo com o instrumento

Mas conforme a sua disponibilidade para a missão

A sua capacidade de desejar o que não é desse mundo

E escutar o silêncio.



É um mergulhar no outro e velejar com ele

Onde a fé que os fará andar sobre as águas

É que não permitirá cairem em terra seca

Ou naufragarem na humanidade em que transitamos.

É num compasso irmos além de tudo

E contemplarmos o tempo de Infinito.